Nesta quarta-feira (16) o ministro das Comunicações, Fábio Faria, falou que as gigantes Magazine Luiza, Amazon, DHL e FedEx são as principais empresas interessadas na compra dos Correios do Brasil. Fábio Faria deu as informações em uma live realizada pelo site especializado em investimentos, Trades Club.
Ainda segundo o ministro, nos próximos dias ele deve enviar um projeto para o Congresso Nacional para que deputados e senadores analisem os detalhes da venda. As principais preocupação que o ministro demonstrou foram com relação ao controle acionário e também as obrigações da nova administradora em cumprir compromissos com os brasileiros que moram em lugares remotos.
Essas preocupações, segundo Faria, vão ser debatidas e decididas no Congresso e ao que tudo indica o processo de privatização dos Correios está prestes à acontecer.
Greve dos Correios
Em greve desde 17 de agosto, os 100 mil funcionários dos Correios ainda não tem data para voltar ao trabalho. Os principais protestos são contra a retirada de direitos, a ausência de medidas parar proteção do empregado durante a pandemia e a privatização da empresa.
A Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas dos Correios e Similares (Fentect) afirma que, junto dos sindicatos que representam a categoria, tentou dialogar com a direção dos Correios. Segundo a Fentect, a empresa não quis negociar e revogou 70 cláusulas do Acordo Coletivo que estava em vigência até 2021.
Entre as revogações estava o pagamento de 30% do adicional de risco, vale alimentação, licença maternidade de 180 dias, auxílio creche, indenização de morte e auxílio para filhos PCD.
Em resposta, os Correios apenas afirmaram que tomam decisões pensando na continuidade da empresa e com objetivo primordial de cuidar da sustentabilidade financeira para manter o emprego dos funcionários. Os Correios ainda afirmam que vão seguir atendendo toda a população do país.
Privatização dos Correios
No centro de todo o debate está a necessidade ou não de uma privatização da estatal. O Governo Federal já vem demonstrando uma grande inclinação por aumentar o número de privatizações no país e a bola da vez no debate são os Correios.
Existem motivos para a privatização, como a quebra do atual monopólio dos Correios nos serviços postais brasileiros. Apenas em 2009, após decisão do STF, a empresa que opera no Brasil desde 1978 perdeu o monopólio de entregas de mercadorias no país.
Mesmo assim, as correspondências de interesse específico como faturas de cartão, boletos, carnês e contas, cartas e cartões postais ainda são de entrega exclusiva dos Correios. Esse monopólio acaba gerando algumas situações no mercado, como a falta de concorrência, ineficiência dos serviços e corrupção dentro do sistema.
Por outro lado, como a empresa que assumir a administração dos Correios vai continuar cumprindo com a abrangência que a estatal tem hoje? Essa questão é complexa, pois pode prejudicar uma série de brasileiros que moram em regiões remotas.
Outro ponto são os benefícios que esses grandes players do mercado vão ter ao comprarem os Correios. Especialistas apontam que os preços das tarifas postais podem subir muito no Brasil caso a estatal sejam privatizada.
Todas essas questões precisam ser debatidas e dimensionadas pelos deputados e senadores. Enquanto isso a tensão entre funcionários e sindicatos com a atual diretoria vai crescendo e a briga para ver quem leva a estatal brasileira vai seguir grande.